Sua empresa na Copa do Mundo é Cigarra ou Formiga?
Lembrando da parábola, especialista em estratégia fala como as empresas podem aproveitar o melhor deste período, sem perder negócios e produtividade
Lembrando da parábola, especialista em estratégia fala como as empresas podem aproveitar o melhor deste período, sem perder negócios e produtividade
A Copa do Mundo na África do Sul já começou e apesar das  comemorações, no cenário empresarial brasileiro nem todos têm motivos  para celebrar ou estarem otimistas. Analisando de forma estratégica, as  empresas, com raras exceções, estão felizes com essa paralisação  nacional. Eufóricos estão os proprietários de bares, restaurantes,  fabricantes de cerveja e badulaques, assim como os vendedores  ambulantes, fantasiados de verde e amarelo. 
Também comemoram por antecedência fabricantes de projetores,  televisores, materiais esportivos e álbum de figurinhas - diga-se de  passagem, o grande viral do torneio até o momento. Para estes, o ano já  terminou, uma vez que as metas anuais já foram em grande parte  atingidas. Entretanto, para a maioria do empresariado, o período é de  vendas em baixa e colaboradores concentrados no hexacampeonato. No país  do futebol, mês de copa é sinônimo de falta de concentração, dias  parados e olho na telinha, embora sempre haja mal-humorados de plantão,  os quais praguejam a cada quatro anos sobre os absurdos dos horários  reduzidos em repartições públicas, empresas e bancos.
Apesar das discussões filosóficas, o fato é que o Brasil irá parar  durante 90 minutos, pelo menos. Adicione mais 90 nas grandes capitais  para o trânsito pré-jogo e 120 após o apito final em caso de vitória.  Feitas as contas, estes dias estarão literalmente perdidos. O que  espero, aconteça apenas com o expediente.
A previsibilidade deste cenário é tão certa quanto à pasmaceira na  quarta-feira de cinzas, os plantões entre o Natal e o Ano Novo e as  secretárias eletrônicas atuantes nos primeiros dias de janeiro. Neste  ambiente, as empresas podem ser divididas em dois grupos: formigas ou  cigarras, como na velha fábula.
As empresas do tipo formiga - creio a minoria - planejam com  antecedência, aproveitando a temática da copa. Ofertas e ações  promocionais envolvendo clientes, parceiros, fornecedores e  colaboradores internos, as quais bem montadas e arquitetadas, compensam  eventuais perdas com os dias de bola rolando, em última análise o  objetivo de tais investimentos.
Precavidas, adéquam também seus estoques ao menor giro de vendas,  antecipam faturamentos a distribuidores e clientes, renegociam entregas  com fornecedores e compensam as horas dos jogos no calendário anual -  dois jogos para os pessimistas e cinco para os mais otimistas,  excluindo-se os finais de semana.
O desespero irá tomar conta - à medida que os jogos se aproximam -  das empresas do tipo cigarra, as quais despreocupadas cantarolaram  durante o outono. Infelizmente há pouco o que se fazer para melhorar  esta situação. Aviso que as condições climáticas podem ser bastante  desfavoráveis durante as próximas semanas: estoques altos, contas a  pagar e pedidos a receber. Junte agora faturamento em queda. Nestas  situações talvez o melhor seja aguardar o inverno passar.
Caso decida renegociar, sugiro que verifique o perfil dos seus  parceiros - fornecedores, clientes - e também concorrentes. Tome cuidado  caso se enquadrem na categoria formiga. Além de atrapalhá-los na hora  do jogo, sua pressa e afobação em fazer negócios de última hora podem  demonstrar falta de organização e controle.
Enfim, nem tudo está perdido. Assuma os prejuízos de sua postura  cigarra em seu fluxo de caixa, agregando sua equipe em torno de um  objetivo comum. Crie uma campanha interna, disponibilize telões nos dias  dos jogos no período matutino e dispense seus funcionários nas partidas  vespertinas.
Talvez seja visto como um empresário ou executivo do tipo formiga - pelo menos por seus colaboradores. E que a lição não seja esquecida daqui a quatro anos, quando a copa será disputada em solo brasileiro.
Talvez seja visto como um empresário ou executivo do tipo formiga - pelo menos por seus colaboradores. E que a lição não seja esquecida daqui a quatro anos, quando a copa será disputada em solo brasileiro.
Isto é, se os governantes tupiniquins não continuarem a adotar a  postura avestruz - escondendo a cabeça como se nada estivesse  acontecendo - apresentada até o momento. O que estará em jogo neste caso  será a imagem do país, a qual estará eternamente comprometida, caso o  estilo cigarra prevaleça.
Escrito por Marcos Morita -  (Mestre em Administração de Empresas e professor da  Universidade Mackenzie. Especialista em estratégias empresariais. É  palestrante e consultor de negócios - 
HSM Online
18/06/2010
18/06/2010

 
 

