Martin  Lindstrom, o criador da Buyology, trouxe conceitos da neurociência que  podem transformar o branding conforme o conhecemos e revelou as  tendências que mais marcarão a comunicação de marketing nos próximos  anos.                                        
“O Brasil é fantástico, todos conhecem o País no mundo todo, mas  tem um problema: não há muitas marcas brasileiras no mundo. É quase como  se o Brasil não quisesse ser internacional. Quero contar segredos sobre  como construímos marcas.” Assim Martin Lindstrom deu início à sua  palestra no segundo dia do Fórum HSM de Estratégia. Com muitos exemplos,  o especialista em branding derrubou velhos mitos e deu valiosos  conselhos.
Lindstrom vem surpreendendo anunciantes com sua Buyology, o estudo  que leva em conta a neurociência para aprofundar nosso conhecimento  sobre as decisões de compra do consumidor, em grande parte baseada em  conteúdos inconscientes. Ele afirmou que 85% do que fazemos acontece em  partes do nosso cérebro que não vêm à consciência. E é por isso que  muitas pesquisas de mercado são insuficientes. “As pessoas dizem uma  coisa, mas fazem outra totalmente diferente”, afirmou. “O problema na  construção de marcas é que o consumidor pensa que é profundamente  racional.”
Não fossem motivações inconscientes, o número de acidentes de  trânsito nas sextas-feiras 13 não aumentaria em 51% na Inglaterra, nem  em 32% na Alemanha, uma nação tão reconhecida por sua racionalidade. 
Um exemplo de sucesso de vendas que faz uso de reações inconscientes,  o game do pingüim, um dos jogos mais populares. O jogo é gratuito e a  criança vai ganhando muitos pontos. Quando atinge uma determinada marca,  ela tem direito a comprar alguma coisa. No entanto, é preciso ser  membro do clube para poder comprar. E a filiação custa US$ 5. A mãe,  diante dos apelos da criança, do caminho que foi percorrido para  conquistar a pontuação, sente-se culpada e cede.
Emoções negativas estimulam consumo
Segundo Lindstrom, as emoções ditas “negativas”, como o medo e a  culpa, serão cada vez mais exploradas pelos anunciantes para vender,  porque são reflexos do momento pelo qual passamos.
“O medo é a próxima arma do branding”, disse, taxativo. Nos Estados  Unidos no ano passado, as vendas de armas aumentaram 19%, as de alarmes  para residências aumentaram 21% e, de camisinhas, 22%. A explicação?  “Inconscientemente, estamos tentando nos proteger do ambiente. E o medo é  importante, porque quanto mais você o sente, mais alerta estará.”
Surpreendentemente, a marca que mais cresce nos Estados Unidos é a do  gel antisséptico Purell. Alcançou 156% de crescimento em 2009. Suas  mensagens aos consumidores ativam o medo. Por exemplo, informa que são  necessários apenas 15 segundos para pegar um vírus mortal. E também  pergunta: “Você ousa deixar seu filho sair de casa sem Purell?”. Além  disso, faz campanhas para as pessoas se sentirem mais seguras, usando a  “sala de controle instantâneo do vírus”.
“A culpa é o novo vírus global. Mães se sentem culpadas por não terem  tempo. Gordos se sentem culpados por não emagrecerem. Usuários de  produtos de luxo se sentem culpados. Somente as crianças não sofrem  culpa”, comenta o palestrante. Não é à toa que as vendas de brinquedos  Lego aumentaram 22% em 2009.
Lindstrom contou que foi feito um experimento com uma mulher que  consumia produtos da marca Louis Vuitton, que dizia que adorava a marca  devido à qualidade e ao design. Seu cérebro foi submetido ao exame de  ressonância magnética funcional quando em contato com a marca.  “Percebemos que a área ativada no cérebro pela marca Louis Vuitton  naquela pessoa era a mesma que se ativa quando alguém se sente superior  aos outros.” A história de vida daquela mulher explicava: aos 16 anos,  era rejeitada pelos amigos; aos 26, conseguiu um emprego, enquanto os  colegas não conseguiram. Ganhou uma bolsa da marca como recompensa por  ser “superior”. Uma motivação que jamais seria revelada conscientemente.  Para essa mulher, a bolsa Louis Vuitton era um símbolo poderoso.
Outra constatação interessante é protagonizada por Coca-Cola e Pepsi.  Ainda que o sabor Pepsi seja preferido em testes cegos, a Coca-Cola é  campeã em vendas. Durante experimentos, as pessoas chegam a mudar de  ideia quando reconhecem a marca Coca-Cola. Dizem: “Desculpe, me enganei,  eu prefiro é a Coca”.
Essa reação à marca deu a Lindstrom a noção de por que nove entre dez  lançamentos de produtos fracassam. “No Japão, são 9,8 entre dez  produtos, ainda que, lá, os consumidores assistam às propagandas por  oito anos e não seis anos, como em outros países”, observou o  palestrante, apontando para a necessidade de mudanças no branding.
Fonte: HSM Online
25/08/2010
25/08/2010
 
 
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